Plantando água: agroflorestas e recuperação de nascentes em aldeia Xavante
No dia 26 de abril, a convite da Escola Municipal de Jardinagem – EMJ, Artur Simón e Cirino Hi’a’u participaram de uma transmissão ao vivo no canal do YouTube UMAPAZ – Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz. Neste encontro tão especial, os dois convidados apresentaram um pouco do trabalho de regeneração das nascentes que vem acontecendo na aldeia São Brás, Terra Indígena São Marcos. Esse trabalho teve início com o projeto Marã Robdzuri e atualmente está sendo desenvolvido pelo projeto REM Mato Grosso.
Cirino e Waptuné trabalhando nos canteiros de agrofloresta em Flor de Ibez, durante o projeto Marã Robdzuri em 2021. Foram três módulos ao longo do ano, em uma vivência e troca de saberes.
Pudemos conhecer mais do que hoje é o Instituto Flor de Ibez, como conheceram os irmãos xavantes da região próxima e como deram início a esse trabalho de recuperação das áreas cultiváveis na aldeia do Cirino, que fica próximo a Barra do Garças, no Mato Grosso. O projeto foi gestado a partir da observação e da pesquisa da vida deste povo, que teve seus contatos iniciais com o Warasu – homem branco, no idioma Auwẽ Xavante – recentemente, apenas em meados do século passado. Desde este encontro tão próximo, um povo que era semi-nômade viu-se na necessidade de habitar lugares fixos, alterando sua característica de deixar locais de passagem – com o cuidado para não regressar ali de imediato – e dar tempo suficiente à reprodução dos animais e à recuperação natural do meio ambiente, após um período de roça e caças de fogo.
Cirino nos conta que, conhecendo apenas a queima da vegetação após a roça, tem se dedicado profundamente à prática da Agricultura Sintrópica – que trabalha junto e à favor dos processos da natureza que está em nosso entorno – buscando reduzir o alimento envenenado no prato. O seu estudo começou no ano de 2021, na sede do Insituto Flor de Ibez.
Desde o início, fomos passando com eles desde a implantação, os canteiros de roça e de horta, os canteiros com as árvores - com todo o plantio intensivo -, o manejo das áreas, o uso de equipamento com segurança e a manutenção e o uso de trator. (...) Então este trabalho na aldeia tem o foco em construir solo - terrá fértil, terra preta -, produzir alimento na aldeia e restaurar o ciclo da água. Além de uma possibilidade de produção de espécies que, além de regenerativas, mantém o cerrado em pé e fornecem sustentação econômica para a aldeia, seja com a polpa de frutas, fibra para artesanato, comercialização de sementes, farinha de mandioca e café,
Nessa conversa entre amigos, os dois foram nos contando como o projeto está se sucedendo, quais são os passos atuais e o que mais vem por aí. Te convidamos a assistir o vídeo completo para saber mais do que está acontecendo, como são os trabalhos na aldeia e também, conhecer Brigitte Baum, Ana Maria Brischi, Luciene Lacerda e Marcos Galhego, que gentilmente os convidaram para esta partilha tão especial. Artur Simón e Cirino trazem informações valiosas sobre agrofloresta e regeneração e também, importantes atualizações da aldeia que cresce. Uma verdadeira troca de saberes. Assista aqui: https://www.youtube.com/watch?v=bDJSseG3mR8&t
A nossa rotina é simples e simples deve ser a vida em Flor de Ibez. Buscamos permear cada momento com harmonia, reverência e gratidão, e assim desvelar o sagrado ali existente. Desse modo, enquanto realizamos uma tarefa externa, realizamos também um trabalho interno de transformação e elevação do ser e da vida.Aqui no blog, publicaremos notícias do que acontece no Instituto. Você nos acompanha?